preparadora de elenco Andrea Cavalcanti com Isadora Cruz, Alice Carvalho e Rodrigo García nas gravações de Guerreiros do Sol — Foto: Estevam Avellar/Globo
Na frente das câmeras, Guerreiros do Sol entrega cenas vibrantes, atuações intensas e personagens marcantes. Mas, por trás de cada olhar decidido, cada gesto de resistência e cada disparo no meio do sertão, existe um trabalho minucioso, silencioso e essencial: a preparação de elenco. Sob a condução da preparadora Andrea Cavalcanti, o elenco da nova novela original do Globoplay passou por um processo intenso de imersão que começou meses antes das gravações.
Para dar vida aos protagonistas Rosa (Isadora Cruz), Josué (Thomás Aquino), Otília (Alice Carvalho) e muitos outros personagens fortes, o elenco precisou entrar, literalmente, na pele do sertão. E o caminho para isso começou fora do estúdio, longe do conforto das grandes cidades: no coração do Nordeste brasileiro, onde a cultura, o calor e a terra rachada pelo sol ajudam a moldar a alma da história.
O processo de preparação: da teoria à vivência
Segundo Andrea Cavalcanti, o trabalho com os atores se dividiu em duas grandes etapas:
“A preparação de elenco passa por duas fases. Primeiro, fazemos a ambientação – apresentamos o universo do cangaço, suas regras, seus códigos, e mergulhamos nesse contexto histórico e cultural. Depois, trabalhamos individualmente com cada ator, explorando as curvas dramáticas dos personagens, suas emoções, motivações, medos e desejos.”
A curva de cada personagem – ou seja, seu arco narrativo ao longo da trama – foi um ponto essencial do trabalho. Andrea destaca que o objetivo era que cada ator compreendesse profundamente quem é seu personagem no início da história e quem ele se torna ao final, atravessando os conflitos com verdade e intensidade.
“Cada personagem tem uma curva única, com reviravoltas e transformações. O nosso trabalho é dar suporte para que o ator percorra esse caminho com consciência e autenticidade.”
Um elenco plural e nordestino
Outro diferencial de Guerreiros do Sol é seu elenco majoritariamente nordestino e plural. Muitos dos atores fazem sua estreia no audiovisual, vindos do teatro, de coletivos culturais ou de pequenas cidades do interior. Para Andrea, isso foi um presente:
“Foi um prazer imenso. Trabalhar com artistas que carregam a cultura nordestina em sua linguagem corporal, na fala, no olhar, torna tudo mais potente. São atores incríveis, e eu aprendi demais com eles.”
Além dos nomes já conhecidos como Alexandre Nero, Thomás Aquino e Isadora Cruz, a novela traz uma safra de novos talentos que prometem conquistar o público. Essa mistura entre experiência e novidade dá um frescor autêntico à produção.
O desafio do sertão: calor e natureza bruta
Boa parte da novela foi gravada em locações reais no sertão nordestino. Segundo a equipe, um dos maiores obstáculos foi o calor extremo, mesmo para os atores naturais da região.
“Apesar de eu ser nordestino, de Recife, o calor do sertão com aquele figurino pesado foi realmente um desafio. A gente estava com botas, chapéus de couro, armamentos cenográficos. Era o sol a pino o dia todo”, contou Thomás Aquino, intérprete de Josué.
Andrea também ressaltou o impacto da natureza no processo de criação:
“É uma natureza bruta, poderosa. O Brasil profundo. Para quem vem de um contexto urbano, como muitos de nós, é um desafio imenso, mas também muito prazeroso. Essa energia ajuda a moldar os personagens.”
Imersão antes das filmagens
Antes mesmo do início oficial das gravações, a equipe de Guerreiros do Sol viajou para o sertão com parte do figurino e do material de cena para realizar um laboratório imersivo. A proposta era fazer com que os atores se conectassem com o ambiente, experimentassem a rotina do sertão e desenvolvessem vínculos entre si.
“Fizemos diversos improvisos em locações reais. Isso nos deu uma unidade, uma identidade de grupo. Quando começamos a gravar, já havia uma energia viva entre nós”, explicou Andrea.
Treinamento com armas e construção física dos personagens
Para personagens como Josué, líder de um grupo de cangaceiros, foi necessário também um treinamento técnico. Thomás Aquino passou por um preparo específico para manusear réplicas de armas de fogo, entender seus pesos, repuxos e simular disparos de forma realista para a pós-produção.
“A gente treinou com as réplicas, entendendo o peso, o movimento do disparo. Tudo isso contribui para uma cena mais crível, mais cinematográfica. Era como uma coreografia que precisava ser muito precisa”, contou o ator.
Além disso, o figurino e os acessórios do cangaço — como gibões, chapéus de couro e alpercatas — foram testados durante o laboratório para que os atores pudessem sentir o impacto físico dessas peças e se adaptar a elas durante a performance.
Direção com olhar sensível
O diretor artístico Rogério Gomes acompanhou de perto a preparação e reforçou a importância dessa imersão para a construção da atmosfera da novela:
“O sertão tem uma vibração que não dá para reproduzir em estúdio. Essa vivência foi essencial não só para os atores, mas para toda a equipe. Precisávamos sentir o cheiro, o calor, a textura daquele lugar. Tudo isso se reflete na tela.”
Uma novela com raízes fortes
Guerreiros do Sol não é apenas uma novela de ação e drama: é também uma celebração da resistência nordestina, da força feminina no cangaço, das histórias silenciadas pela história oficial. E isso começa na base: na entrega dos atores, na dedicação da equipe e na escolha por um processo artístico que privilegia a verdade.
A preparação de elenco liderada por Andrea Cavalcanti mostra como a arte é também construção coletiva, respeito ao território e compromisso com a história que se quer contar.
▶ Guerreiros do Sol já está disponível no Globoplay
Assista agora e mergulhe em uma história de coragem, identidade e resistência no coração do sertão brasileiro.
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