Produção de estudantes da UFSCar e USP aposta em narrativa inovadora para discutir as consequências emocionais da violência vivida por mulheres
O curta-metragem “Nó na Garganta”, dirigido por Heliz Petrechen, propõe uma abordagem estética incomum ao tratar de um tema delicado como o assédio no ambiente de trabalho. Combinando live-action e animação 2D, o filme elimina completamente o uso de diálogos e transforma o silêncio em um recurso narrativo e político para evidenciar os impactos emocionais vividos por mulheres em situações de violência.
Para a equipe, o silêncio é também uma escolha simbólica e política, que reflete a experiência real de mulheres que enfrentam situações de assédio e muitas vezes não conseguem, ou não se sentem seguras, para falar sobre isso. “Muitas mulheres que passam por esse tipo de violência não conseguem, à princípio, colocar em palavras o que sentiram. O silêncio não significa apenas uma ausência de fala, ele carrega a dimensão real do que é ser silenciada ou desacreditada”, explica a diretora Heliz Petrechen.
Além da ausência de diálogos, o filme utiliza a sobreposição de linguagens visuais para aprofundar a narrativa de forma sensível e original. As cenas em live-action se entrelaçam com sobreposições de animação em 2D que dão forma simbólica ao silêncio e ao sofrimento da personagem. O elemento animado do laço vermelho funciona como metáfora visual para o “nó na garganta”, expressão física e emocional de tudo aquilo que ela não consegue dizer. A escolha por representar emoções como medo, impotência e paralisia por meio da animação foi uma solução criativa da equipe técnica para expressar o invisível com delicadeza e impacto.
‘Nó na Garganta’ será exibido em sessões universitárias, mostras e festivais de cinema, com o objetivo de estimular a reflexão sobre os impactos emocionais do assédio e a necessidade de ampliar o debate sobre o tema nos ambientes acadêmicos e profissionais.
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