Grupo Corpo celebra 50 anos com “Piracema” em SP

Foto: Piracema Crédito José Luiz Pederneiras

Redação

O programa da noite ainda traz Parabelo (1997), com música de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik

O peixe sobe a correnteza do rio, numa dura jornada, para chegar ao local da desova. Contra a força da corrente, contra os obstáculos, vence a urgência de criar e recomeçar o ciclo da vida. No ano de seu cinquentenário, o Grupo Corpo escolheu o fenômeno da piracema como símbolo de sua trajetória – uma viagem movida pelo irresistível desejo de criar, recriar e resistir, em sua brasilidade profunda e incontestável que deságua na linguagem universal da grande arte.

Com trilha inédita composta por Clarice Assad, Piracema inaugura a parceria coreográfica de Rodrigo Pederneiras com Cassi Abranches, que passa a ser também coreógrafa residente. 

Completando o programa, o Corpo traz de volta Parabelo, de 1997, a peça de inspiração sertaneja com música de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik. O Grupo Corpo é apresentado pela Cemig e pela Petrobras e conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, da Vivo e do Itaú Unibanco, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Criação dividida e multiplicada

Uma inovação radical no método de trabalho dos dois criadores – Rodrigo e Cassi – neste Piracema. Um desafio e tanto, a partir da proposta do diretor artístico Paulo Pederneiras. Com a companhia dividida em dois grupos de 11 bailarinos, cada um dos coreógrafos criou e ensaiou independentemente todo o balé, para depois reunir e combinar as duas versões. “Nossas duas visões se completam. Foi uma experiência riquíssima”, é o que Rodrigo Pederneiras considera sobre o processo de criação. “Cassi é nossa cria, domina a linguagem e, ao mesmo tempo, traz novos elementos, sua bagagem internacional, os dez anos em que evoluiu em outros cenários”. 

O balé Piracema traduz a música de Clarice Assad que, dividida em três grandes movimentos, traça um arco que se inicia no tribal, no ambiente natural intocado, passa pela polifonia sinfônica do clássico e termina no eletrônico, urbano, contemporâneo. 

O diretor artístico Paulo Pederneiras foi buscar, para a cenografia, um material inusitado – e que se alinha à ideia dos cardumes da piracema.  Recobriu o fundo (de 16m x 7m) e as pernas (laterais do cenário) com nada menos que 82 mil tampas de latas de sardinha. “Montamos numa rede as tampas metálicas e a imagem de escamas se projeta”. Paulo assina também a iluminação ao lado de Gabriel Pederneiras, diretor técnico do grupo.

A criação dos figurinos ficou a cargo da dupla de designers Alva, os irmãos Susana Bastos, artista e estilista, e Marcelo Alvarenga, arquiteto. É a primeira vez que os dois criam para a dança. Partindo de uma cartela de cores terrosas, com detalhes em prata e em cores fortes, a dupla usa malhas justas como base, com detalhes sutis nos cortes e um leve enchimento nos quadris e nos ombros, tornando mais indistintas as figuras masculinas e femininas. 

Parabelo

Sertanejo e contemporâneo, como a trilha composta por Tom Zé e José Miguel Wisnik, o balé Parabelo, de 1997, leva do coreógrafo Rodrigo Pederneiras a definição de “a mais brasileira e regional” de suas criações.Dos cantos de trabalho e devoção, o baião cadenciado e contrapontos rítmicos emerge uma escritura coreográfica de grande força expressiva, repleta de jogo de cintura e marcação de pé.

O cenário de Fernando Velloso e Paulo Pederneiras exibe ex-votos de igrejas interioranas em dois painéis, de 15m X 8m, que dão sustentação cenográfica ao espetáculo. Os figurinos de Freusa Zechmeister têm, na primeira parte, a intensidade das cores velada por um tule negro, à exceção das sapatilhas. Na explosiva reta final do balé, as malhas coloridas se libertam do véu. 

PARABELO [1997]

Duração: 42 min

coreografia: Rodrigo Pederneiras
música: Tom Zé e Zé Miguel Wisnik
cenografia: Fernando Velloso e Paulo Pederneiras
figurino: Freusa Zechmeister • iluminação: Paulo Pederneiras

PIRACEMA [estreia]

Duração: 37 min

coreografia: Rodrigo Pederneiras Cassi Abranches
música: Clarice Assad
cenografia:  Paulo Pederneiras
figurino: Marcelo Alvarenga Susana Bastos (Alva Design)
iluminação: Paulo Pederneiras e Gabriel Pederneiras 

SERVIÇO

São Paulo

13 a 24 de agosto [qua a sáb, 20h • dom, 16h]

Teatro Sérgio Cardoso • R. Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – Tel: (11) 3882-8080

Ingressos: Sympla • R$ 39,80 a R$ 240,00

classificação indicativa: livre

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