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  • Trilogia inédita de Arnold Wesker estreia em agosto no Parlapatões, em SP

    Trilogia inédita de Arnold Wesker estreia em agosto no Parlapatões, em SP

    Cia. Bípede de Teatro Rupestre apresenta montagem pioneira no Brasil com direção e tradução de Felipe Sales

    Pela primeira vez no Brasil, o público poderá assistir à montagem integral da aclamada Trilogia Wesker, do dramaturgo britânico Arnold Wesker, um dos maiores nomes do teatro do século XX. A realização é da Companhia Bípede de Teatro Rupestre, que estreia o projeto no próximo dia 6 de agosto, no tradicional Espaço Parlapatões, na Praça Franklin Roosevelt, em São Paulo. A temporada segue até 29 de agosto, com sessões em dias alternados: Canja de Galinha às quartas; Raízes às quintas e  Estou Falando de Jerusalém às sextas, sempre às 20h.

    Com tradução e direção de Felipe Sales, a montagem propõe um mergulho profundo nos dilemas da classe trabalhadora britânica no pós-guerra e traça paralelos com a realidade social e afetiva brasileira atual. As três peças — embora independentes — formam um retrato complementar de uma mesma família atravessada por sonhos, frustrações e transformações políticas ao longo das décadas.

    Três histórias, um espetáculo único l

    Em um mundo que parece cada vez mais apressado e ruidoso, a Trilogia Wesker nos convida a desacelerar e observar, com profundidade e poesia, o que acontece dentro de casa — e dentro de nós. As três peças, embora independentes, formam um retrato sensível e contundente de uma família atravessada por guerras, sonhos e contradições, numa linha tênue entre o íntimo e o político, o cotidiano e o histórico.

    Tudo começa com Canja de Galinha, em uma cozinha simples onde o cheiro da sopa se mistura ao silêncio das ausências e ao ruído do mundo lá fora. Sarah Kahn, vivida por Nanda Versolato, é o coração pulsante da casa. Ela insiste em manter todos à mesa, mesmo enquanto o marido (Alexandre Ogata) adoece e os filhos seguem caminhos distantes. Nessa insistência há mais do que teimosia: há resistência. Porque manter uma família unida — mesmo que em frangalhos — é, muitas vezes, o ato político mais profundo. É nesse ambiente doméstico que o afeto vira trincheira, e a sopa, um manifesto.

    A história se desloca e segue com Raízes, onde encontramos Beatie, interpretada por Emília Helena, retornando à casa dos pais com novas ideias, aprendidas na cidade e no amor. Mas ali, naquele espaço que um dia foi seu, ninguém parece disposto a ouvi-la. A peça mistura o cômico e o trágico com a leveza da palhaçaria, revelando o quanto é difícil — e revolucionário — falar quando ninguém escuta. Beatie, com sua força miúda e olhar luminoso, encontra no embate com o silêncio familiar a possibilidade de se escutar. É o momento em que a palavra deixa de ser ruído e vira semente.

    Por fim, em Estou Falando de Jerusalém, o caminho da busca se aprofunda. Ada (Bea Lerner) e Dave (Thiago Winter) escolhem sair da cidade para tentar viver seus ideais longe do sistema. No entanto, o isolamento e a aspereza da vida no campo revelam que construir um mundo novo exige mais do que coragem: exige sustento diante da solidão. A peça desacelera, quase congela o tempo, como uma fotografia viva, para nos mostrar que o sonho, quando vira realidade, também dói. É nessa dor que a utopia ganha carne — ou perde fôlego.

    Juntas, as três peças formam uma travessia emocional e política: da casa para o mundo, do afeto para o embate, do desejo para a frustração — e, ainda assim, para a esperança. Porque, no fundo, todas falam da mesma coisa: da tentativa humana, frágil e grandiosa, de continuar acreditando. E isso, talvez, seja o maior ato de resistência.

    Inspiradas em tradições do teatro popular e influenciadas por linguagens como o clown, o teatro-fotografia e o realismo poético, as montagens exploram uma paleta variada de formas, sons e tempos para contar histórias que poderiam ser nossas.


    FICHA TÉCNICA

    • Texto: Arnold Wesker
    • Tradução e Direção: Felipe Sales
    • Elenco: Alexandre Ogata, Alexandre Passos, Bea Lerner, Benedito Teixeira, Emília Helena, Gabriela Woods, Leo Milani, Luigi Dolder, Nanda Versolato, Raul Negreiros, Renata Xá, Tato Pelisson, Thiago Winter
    • Cenário: Cristiano Kozak
    • Figurino: Cauã Stevaux
    • Iluminação: Thiago Winter
    • Consultoria de História Judaica: Raphaella Adler
    • Consultoria de Claque: Leo Milani
    • Apoio Teórico: Heitor Goldflus
    • Mídias Sociais: Emília Helena e Gabriela Woods
    • Direção de Produção: Felipe Sales

    SERVIÇO

    A Trilogia Wesker, de Arnold Wesker
    Com: Companhia Bípede de Teatro Rupestre
    📍 Local: Espaço Parlapatões – Praça Franklin Roosevelt, 158 – Consolação, São Paulo
    📆 Temporada: 06 a 29 de agosto de 2025
    🕗 Horário: Quartas a sextas-feiras, às 20h
    🎟️ Ingressos: R$ 70 (inteira) | R$ 35 (meia)
    🎫 Venda online: Linktr.ee/CiaBipede ou presencialmente na bilheteria (a partir de 1h antes de cada sessão)
    📞 Informações: (11) 96476-9869
    📧 E-mail: bipederupestre@gmail.com
    📸 Instagram: @companhiabipede
    ⏱️ Duração: 120 minutos (sem intervalo)
    🔞 Classificação indicativa: 14 anos