Por Francisco Julio Bárbaro Xavier
Crítica
Pode conter spoiler. Pecadores (Sinners) é um filme de terror, diz alguns divulgadores da saga do diretor Ryan Coogler e o ator Michael B. Jordan. A dupla trabalhou juntos em “Creed” (2015) e “Pantera Negra” (2018), sucesso de bilheteria.
Michael B. Jordan, vem em dose dupla no filme. O ator interpreta os irmãos gêmeos Smoke e Stack. O filme, não é necessariamente de terror, mas fala sobre vampiros. Esses vampiros podem ter um tonalidade bem apática que os colocam bem acessos, com tons ofuscados pela realidade ainda mais sanguinária: o racismo na região no Mississipi, nos EUA, no início da década de 30.
Poucas décadas após a abolição da escravatura no pais, a comunidade negra vive os assombros terríveis causados por grupos de ódios chamado de Ku Klux Klan.
Esses grupos são extremistas radicais, disseminadores de ódio da extrema direita protestante que perseguiam e matavam negros e imigrantes. O filme faz uma menção a personagens imigrantes e descendentes que sofriam com a perseguição destes grupos. Os personagens orientais são Grace Chow, interpretada por Li Jun Li, e Bo Chow, interpretado por Yao.
Pecadores destroem demônios
Essas personagens orientais têm uma relevância na história, porque também fazem parte da comunidade oprimida na região. Eles são os únicos que podem entrar na casa de show criada pelas os irmãos.
A engrenagem do filme, por demais interessante, é assim, porque começa a ser contada como um rotineiro e suave filme de roteiro tipicamente americano, com sua abordagem aberta para mostrar o cotidiano e ambientação da comunidade passada no ano de 1932.
Só por isso ele já mereça uma chance para atrair o cuidadoso telespectador. Mas depois de passado o momento monótono e linear, vem estranhamente , que parece destoar de um filme tranquilo, uma quebra impressionante, que destoa de uma história de irmãos que se viram como pode e decidem abrir um bar em sua terra natal. Já por isso mereça aí um prêmio por melhor roteiro.
Cenas que parecem totalmente fora de contexto, aparecem na frente dos indivíduos que assistem como um surto, mas não esses de terror barato. Eles entram por atmosfera que deixa o telespectador achando que o filme errou de prumo, ou que entrou uma cena errada no corte.
De uma hora pra outra tudo muda. Se você não leu a sinopse, não acharia nunca que aquela filme fala de vampiros, até saltar na sua tela uma cena caprichada de alta destruição.
O mal só entra na vida do pecador se ele deixar entrar. Não é por educação, mas total falta de humanidade. Eles estão mortos, não vivem por uma eternidade. Não são humanos.
A cura vem da alma
O cântico ancestral ultrapassa as fronteiras do tempo. Ultrapassa os mundos e chegam ao universo do som. As fagulhas do cântico criam armaduras nas paredes do recinto e cria portais de proteção vindos das camadas ancestrais de choros, forças e curas de uma raça.
Para aguentar a maldade e lutar por vida, sempre, desde os tempos mais cruéis de uma desumanidade, a força sempre foi alimentada pelo música que saía pelos poros da pela preta.
O mundo conhece a música Black, o mundo conhece a música sentida e vivida na pele. O lado negro da força é preto, é corte e sangue. Sangue que foi derramado, é jorrado ainda pelas vielas de pardas e nubladas cidades cinzas.
Se o filme fala de vampiros sanguinários? Se você olhar com calma, não estamos falando de vampiros, nem de gente se fala. O filme fala de ódio. De demônios que matam e que alguns tentaram a ferro e fogo sobrevivem ao mal que não pede licença para matar.
Esse filme fala de perdas e de encontros com o divino. Talvez ele fale também de dor em ser o que se denomina um ser: pecador.
Uns precisam de muito perdão para merecem serem considerados filhos de um Deus. Outros muitos mais precisam de perdão para as bocas e almas sebosas, que ousam matar filhos dos deuses.
Por Francisco Julio Bárbaro Xavier
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